Minha Doce E Andina Rita

 









Imagino o que ela esteja fazendo neste momento
minha doce e andina Rita
dos colmos e cerejeiras silvestres.
Agora que esta fadiga me abate, e que o sangue dormita
como um brandy preguiçoso dentro de mim.
 
Imagino o que ela esteja fazendo com aquelas mãos,
que em atitude de penitência
costumavam passar e engomar as roupas brancas
durante as tardes.
Agora que esta chuva está tirando minha vontade de prosseguir.

Imagino o que foi feito da sua saia de renda;
das suas labutas; do seu andar;
do seu aroma de cana-de-açúcar de primavera daquele lugar.
 
Ela deve estar à porta,
vendo passar uma rápida nuvem em movimento.
Um pássaro selvagem soltará um grito sobre o telhado;
e, trêmula, ela dirá finalmente, “Jesus, está frio!”


(Cesar Vallejo)

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