I Would Rather...

 I would rather be ashes than dust! I would rather that my spark should burn out in a brilliant blaze than it should be stifled by dry-rot. I would rather be a superb meteor, every atom of me in magnificent glow, than a sleepy and permanent planet. The function of man is to live, not to exist. I shall not waste my days trying to prolong them. I shall use my time.

Jack London

Bird Of Prey







Bird of prey, bird of prey
Flying high, flying high
In the summer sky

Bird of prey, bird of prey
Flying high, flying high
Gently pass on by

Bird of prey, bird of prey
Flying high, flying high
Am I going to die?

Bird of prey, bird of prey
Flying high, flying high
Take me on your flight.


Minha Doce E Andina Rita

 









Imagino o que ela esteja fazendo neste momento
minha doce e andina Rita
dos colmos e cerejeiras silvestres.
Agora que esta fadiga me abate, e que o sangue dormita
como um brandy preguiçoso dentro de mim.
 
Imagino o que ela esteja fazendo com aquelas mãos,
que em atitude de penitência
costumavam passar e engomar as roupas brancas
durante as tardes.
Agora que esta chuva está tirando minha vontade de prosseguir.

Imagino o que foi feito da sua saia de renda;
das suas labutas; do seu andar;
do seu aroma de cana-de-açúcar de primavera daquele lugar.
 
Ela deve estar à porta,
vendo passar uma rápida nuvem em movimento.
Um pássaro selvagem soltará um grito sobre o telhado;
e, trêmula, ela dirá finalmente, “Jesus, está frio!”


(Cesar Vallejo)

Além Do Bojador


Travessia do Atlântico em solitário, de Amyr Klink, em um barco a remos (1984).
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas foi nele que espelhou o céu.

''Mar Português'', 
Fernando Pessoa




Responsabilidade

 Trecho de ''Viagem a Ixtlan'', de Carlos Castañeda (Editora Nova Era).

***
'' De tarde, fomos dar uma volta. Acompanhei o passo dele com facilidade e tornei a assombrar-me com sua extraordinária forma física. Andava tão lepidamente e com passos tão seguros que, junto dele, eu parecia uma criança. Tomamos uma direção para leste. Reparei que ele não gostava de falar enquanto andava. Se eu me dirigia a ele, parava de andar para me responder. 

 Depois de umas duas horas, chegamos a um morro; sentou-se e fez sinal para eu me sentar a seu lado. Declarou, num tom melodramático, que me ia contar uma história.

 Disse que era uma vez um rapaz, um índio miserável, que vivia entre os brancos de uma cidade. Ele não tinha casa, nem parentes, nem amigos. Tinha ido para a cidade para fazer fortuna e só encontrara miséria e dor. De vez em quando, ganhava alguma coisa, trabalhando como um burro, mas aquilo mal dava para uma migalha; do contrário, ele tinha de mendigar ou roubar para poder comer. 

 Dom Juan contou que, um dia, o rapaz foi à feira. Ele subia e descia as ruas meio tonto, os olhos loucos ao verem todas as coisas boas reunidas ali. Ficou tão alucinado que não viu onde pisava e terminou tropeçando numas cestas e caindo por cima de um velho. Este carregava quatro cabaças enormes e tinha acabado de sentar-se para descansar e comer. Dom Juan sorriu, com um ar matreiro, e disse que o velho achou muito estranho que o rapaz tivesse tropeçado nele. Não ficou zangado, e sim assombrado por que motivo aquele determinado rapaz havia de cair em cinta dele. O rapaz, ao contrário, ficou zangado e disse-lhe que saísse de seu caminho. Não estava nada preocupado com o significado daquele encontro. Não tinha reparado que seus caminhos tinham realmente se cruzado. 

 Dom Juan imitou os movimentos de alguém correndo atrás de alguma coisa que está rolando. Disse que as cabaças do velho tinham caído e estavam rolando pela rua. Quando o rapaz viu as cabaças, achou que tinha encontrado comida para aquele dia.

 Ajudou o velho a levantar-se e insistiu em ajudá-lo a carregar ascabaças pesadas. O velho lhe disse que estava a caminho de sua casa nasmontanhas e o rapaz insistiu em ir com ele, pelo menos parte do caminho.O velho tomou o caminho das montanhas e, enquanto caminhavam, deu ao rapaz parte da comida que tinha comprado na feira. O rapaz comeu à grande e, quando ficou satisfeito, reparou como as cabaças eram pesadas e agarrou-as com força. 

 Dom Juan abriu os olhos e, com um sorriso diabólico, falou que o rapaz perguntou: "O que está levando nessas cabaças?" O velho não deu resposta, dizendo que ia levá-lo a um companheiro ou amigo que poderia aliviar as aflições dele e dar-lhe conselhos sábios a respeito das coisas do mundo.

 Dom Juan fez um gesto majestoso com as duas mãos e disse que o velho chamou o cervo mais lindo que o rapaz já vira. O cervo era tão manso que chegou perto dele, andando em volta. Era todo reluzente. O rapaz estava boquiaberto e viu logo que se tratava de um "cervo espírito". O velho então lhe disse que, se ele quisesse ter aquele amigo e sua sabedoria, bastava largar as cabaças.

 O sorriso de Dom Juan retratava a ambição; disse que os desejos mesquinhos do rapaz foram espicaçados ao ouvir aquele pedido. Os olhos de Dom Juan fizeram-se miúdos e diabólicos, ao pronunciar a pergunta do rapaz: "O que é que leva nessas quatro cabaças enormes?"

 Dom Juan disse que o velho serenamente respondeu que estava carregando comida: pinole e água. Ele parou de contar a história e andou em círculo umas duas vezes. Eu não sabia o que ele estava fazendo. Mas parece que era parte da história. O círculo parecia retratar os pensamentos do rapaz.

 Dom Juan disse que, naturalmente, o rapaz não acreditou em nada daquilo. Calculou que, se o velho, que obviamente era um mágico, estava disposto a dar um "cervo espírito" por suas cabaças, então estas deviam estar cheias de um poder inacreditável. Dom Juan tornou a fazer uma careta com um sorriso diabólico e disse que o rapaz tinha declarado que queria ficar com as cabaças. Fez-se uma longa pausa, que pareceu marcar o fim da história. Dom Juan ficou calado e, no entanto, eu tinha certeza de que ele queria que eu lhe perguntasse arespeito, e eu o fiz.

 — O que aconteceu com o rapaz.— Ele ficou com as cabaças — respondeu ele, com um sorriso de satisfação.Outra longa pausa. Eu ri. Pensei que aquela tinha sido bem uma história "de índio". Os olhos de Dom Juan brilharam quando ele me sorriu. Tinha um ar de inocência. Começou a rir aos pouquinhos e me perguntou: — Não quer saber das cabaças?


 — Claro que quero saber. Pensei que era o fim da história. 

 — Ah, não — disse ele, com um olhar malicioso. — O rapaz pegou as cabaças e correu para um lugar isolado e as abriu.

 — O que encontrou? — perguntei. Dom Juan olhou para mim e tive a impressão de que ele estava ciente de minha ginástica mental. Ele sacudiu a cabeça e riu. — E então, — insisti — as cabaças estavam vazias? 

 — Só havia comida e água dentro das cabaças — respondeu. — E o rapaz, num acesso de fúria, despedaçou-as de encontro às pedras.

 Falei que a reação dele era muito natural... qualquer pessoa na situação dele teria feito o mesmo. A resposta de Dom Juan foi que o rapaz era um tolo, que não sabia o que buscava. Não tinha conhecimento do que era o "poder", de modo que não podia dizer se o havia encontrado ou não. Não assumira a responsabilidade por sua decisão e, portanto, ficara com raiva de seu engano. Esperava ganhar alguma coisa, e não ganhou nada. Dom Juan raciocinou que, se eu fosse o tal rapaz e se tivesse seguido minhas inclinações, eu teria acabado zangado e com remorsos e, sem dúvida, passaria o resto da vida com pena de mim mesmo e daquilo que tinha perdido.

 Depois, explicou o procedimento do velho. Espertamente, tinha alimentado o rapaz, para dar-lhe "a audácia da barriga cheia", e assim o rapaz, só encontrando comida nas cabaças, arrebentou-as num acesso de fúria. 

 — Se ele tivesse consciência de sua decisão e assumisse a responsabilidade por ela — falou Dom Juan — teria tomado a comida e ficado mais do que satisfeito com ela. E talvez até tivesse compreendido que aquela comida também era poder.''

La Valentina

 (...)

Dizem que a minha paixão causará minha perdição.
Não importa
que seja o próprio demônio. Eu sei como morrer,
 
Valentina, Valentina.
Lanço-me no teu caminho.
Se devo morrer amanhã,
por que não hoje, de uma vez por todas?



Busca

A busca da liberdade é a única força que eu conheço. 



 Liberdade de voar até aquele infinito lá fora. Liberdade para se dissolver; para decolar; para ser como a chama de uma vela que, mesmo diante da luz de um bilhão de estrelas, permanece intacta, porque jamais pretendeu ser mais do que é: uma simples vela.” 

 

(Carlos Castañeda)

Humanidade


A humanidade se assemelha aos cães, não aos deuses — se você não ficar zangado eles vão lhe morder – mas fique bravo e você nunca será mordido. Os cães não respeitam humildade e tristeza.
Jack Kerouac

Queime Os Navios Que O Trouxeram


''Quando Hernán Cortez chegou ao México, ordenou que queimassem seus navios. Esse foi o ato mágico que lhe garantiu a vitória. Para ele, era ganhar ou perecer, não tinha outra opção. Portanto, é necessário levar em conta que cada empreendimento pode ser o último.''

(Armando Torres)